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ESCRITO DE PE. AGOSTINHO – TESTAMENTO

                 No retiro, em Juiz de Fora – 1º, 2 e 3 de agosto de 2006, refiz o meu testamento.
                O retiro pregado por D. Wilson – Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, começou com uma pergunta tirada do livro de Gênesis capítulo 3, versículo 7-10: Onde estás?. Esta pergunta deve ser respondida por mim internamente: onde estou diante de Deus que me pergunta e externamente diante dos homens e de Deus naturalmente.
Respondendo internamente, humildemente reconheço que sou pobre e pecador, mas que assim mesmo Deus me fala, me ama e me perdoa. Renovo o meu compromisso “Creio em Deus Trindade Pai, Filho e Espírito Santo e em Jesus Cristo Filho de Deus e da Santíssima Virgem Maria – Mãe de toda humanidade”.
Oração: Meu Senhor e meu Deus”.
                 “Ave Maria cheia de graça”
                 Externamente: Deus me chamou para “servir”. É a minha dimensão vocacional. Agradeço e bendigo a Deus pelo privilégio do chamado. Chamou-me para servir o mundo dos trabalhadores jovens (JOC) adultos (PO). O mais da minha vida foi moldura. Padre cooperador, Padre pároco, Padre Vigário geral. O maior foi padre a serviço dos operários, dos marginalizados, dos pobres oprimidos. Por isso bendigo a Deus o ter nascido na roça, de pai imigrante, de mãe brasileira – filha de imigrante.
                 Bendigo a Deus pela família que tenho e tive: irmãos e irmãs dignos de sua origem. De sobrinhos e sobrinhos netos e netas que souberam e sabem dignificar suas origens. Sou profundamente grato a todos e todas e não quero esquecer os muitos tios e tias que saboriei, tanto os da parte de meu pai, como os da minha mãe – Antônio Pretto e Gioconda Sangalli Pretto. E a partir deles o incontável número de primos e primas. Aos meus pais, irmãos, irmãs, cunhados, cunhadas, sobrinhos e sobrinhas, sobrinhos netos e netas, tios e tias, a minha radical gratidão.
                 Para não ficar no íntimo familiar, quero estender a minha gratidão ao mundo familiar social, que conheci e vivi durante esta minha longa vida (hoje 82 anos e 4 meses), hoje 1º de agosto. Jovens trabalhadores da JOC com os quais trabalhei durante os maravilhosos anos de 1954 a 1974, em nível de Brasil, da América Latinha, do mundo. Enfim, o mundo humano de homens e mulheres de todas as cidades.
                 Gratidão a D. Vicente Sherer que me ordenou sacerdote. A minha gratidão e digo até especial às famílias da Comunidade de Nossa Senhora Auxiliadora, onde nasci, cresci e aprendi a rezar. E foi com o apoio da Auxiliadora e do querido povo Encantadense que segui o caminho da Igreja e do mundo, sem nunca me esquecer e honrar de ser um dos filhos do nosso famoso Alto Taqueri.
                 Deixo uma saudade, isto é, um pedido: “Juntos como Irmãos”, que é o lema da Associação Nacional de Presbíteros do Brasil. Uma vontade que cada presbítero que eu conheci na vida, reze uma missa nas minhas intenções, que eu com o favor do Bom Deus darei o retorno.
                 O meu abraço fraterno aos irmãos sacerdotes todos, aos senhores bispos que me ajudaram a servir e ao povão que indiscutivelmente foi a maior universidade que eu freqüentei.
                 A todos que na vida ofendi peço perdão. E a todos que me impediram de andar, deixo o meu perdão.
A vida continua... A vida não é tirada, mas transformada – Mistério de Deus, no encontros com santos e santas, possamos “juntos” construir o novo céu e a nova terra da profecia. Os sinais já estão acontecendo: a busca da unidade, através da partilha, da acolhida, do amor a Deus e ao próximo.
E agora, o que fazer com as “coisas”. O que ganhei na vida procurei dividir ou dar. Não tenho praticamente nada. A casa de Arvorezinha doei a Adriana de Arvorezinha, com uso-fruto das minhas irmãs. A casa de Bonsucesso doei a Maria Carvalho de Menezes (Sila), igualmente o terreno ao lado. Isto por ter sido ela que  na vida deu sentido. Não fosse ela, a casa teria sido vendida há muito tempo. Graças a Deus foi uma casa que prestou muito serviço nos anos difíceis da ditadura.
A minha vida em Nova Iguaçu, deixo a gratidão de quem viveu e de todos que me acolheram: bispos, padres, diáconos, povo, comunidades.... Foram anos de bênção. Não tenho mágoa de ninguém.
O que guardei na casa paroquial: mesas, cadeiras, móveis, geladeira, freezer, camas, deixo para a casa paroquial, se acharem que serve. Isto tudo fez parte do que fui economizando e deixo com alegria, como doação, inclusive o computador.
E vocês, amigos de toda hora: Presbíteros, militantes da PO, da ANPB, do Cedac, da JOC, do MTC, das Pastorais Sociais, o meu abraço e um até...
                Altair, Antenor e Pe. Armindo, os quadros, as menções de cidadania, fotografias, livros, arquivos, papéis, roupas, coisas e coisinhas, façam o que vocês acharem melhor, inclusive se acharem algum papel que toca à Diocese, favor entregar. Muitos livros meus já entreguei ao Seminário – sejam portadores – delegados a responder por mim.  Abracem o Bispo D. Luciano por mim.   Amém!

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